sexta-feira, 28 de maio de 2010

Às vezes,
sentava-me na rede,
balançando-me
com o livro
aberto no colo,
sem tocá-lo,
em êxtase puríssimo.


Não era mais
uma menina
com um livro:
era uma mulher
com seu amante.

Clarisse Lispector

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Minha revolta contra a saúde pública

Eu poderia estar falando sobre o livro bom que acabei de ler, poderia estar escrevendo um artigo com outro tema mais digerível para poder brindar a minha volta ao blog ou poderia estar simplesmente com o computador desligado e deitada em minha cama descansando que é o que tenho merecido, mas esse assunto específico tem me agredido, e sinto necessidade de expor.
Estou morta de vergonha da minha nação.
Não posso acreditar em tanto descaso. E não é de hoje, é de sempre.
Não ocorreu nenhum fato novo, nenhum escândalo novo, nenhuma notícia indignante nova, simplesmente juntou todos os antigos na minha cabeça, e agora eles ficam aqui martelando.
Leitor, responda sinceramente, você já dependeu alguma vez na sua vida de um posto médico público?
Se não, dê graças eternas, e peça com todas as suas forças para nunca vir a precisar.
Se sim, você entende o que eu digo.
Triste, é a palavra!
Ser tratado como o cocô do cavalo do bandido.
Sem direito a explicar, sem direito a entender, sem direito a opinar, pedir então, nem precisa cogitar.
Você entra com dor na unha do dedão do pé esquerdo e sai do consultório com uma cartela de remédios para o estômago.
No que aqueles “doutores” afinal são formados? Passa perto de veterinária?
Você não é digno de um olhar. É essa a verdade, eles nem sequer se dão ao trabalho de levantar o queixo e te encarar.
Dá vontade de agradecer ao Favor que eles prestaram. Porque deve ser favor não é? Eles atendem de graça, não é verdade? São voluntários. Almas abençoadas e caridosas que se prestam a nos “examinar” sem receber um tostão.
E nos tratam apenas como os completos ignorantes que nós verdadeiramente somos. Pra você ver, nem temos um diploma bonito de medicina que nem o deles. Como poderia passar pelas nossas cabeças querer saber o nosso diagnóstico. Se eles falaram para colocar todos aqueles comprimidinhos coloridos goela abaixo, é porque é o melhor pra gente. E quanto aos exames? Quem precisa deles? Se só de bater os olhos clínicos super sônicos em nós eles já percebem tudo. Exame é luxo, mimo de ricos.
E claro, estamos colocando em cheque apenas o tratamento que é dado a um paciente comum com um problema comum em um consultório popular.
Analisar um hospital público, com todas as mortes por falta de atendimento adequado, por erros médicos, analisar o quanto os idosos sofrem sentados no chão á espera de um atendimento medíocre, analisar a questão da infra-estrutura precária, ou quem dirá da higiene desses ambientes. É demais pra mim.
Até porque já não me iludo mais, eu, ou qualquer outro cidadão que paga seus impostos e como paga e só tem o direito de gritar algum socorro que nem sequer é ouvido.
Já sei que não adianta mais nada, que tudo o que fazemos é em vão.
Que essas palavras aqui escritas, aqui ficarão, pois infelizmente sou só mais uma revoltada de mãos atadas.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Correndo contra o tempo!!!



Agradeço aos meus loucos visitantes pelas visitas constantes, mas esses dias eu “Tô correndo contra o tempo e agora não posso parar.”
Trabalhos, faculdade, serviços, obrigações e mais trabalhos..
Graças a Deus não deve passar de 2 semanas. Mas por enquanto vou ter que ficar assim: por conta!
Voltarei o mais breve possível...
Não me esqueçam heim?!
See you later!

domingo, 25 de abril de 2010

Só descobrimos

É incrível como quanto mais a gente envelhece, mais vemos o quanto éramos inexperientes ou imaturos a tão pouco tempo atrás, como: Quando tinha 15 anos e me achava A adulta, lembrava e ria de como eu era boba quando tinha 12 ou 13 anos. Pouco tempo depois aos 17 lembrava com raiva das infantilidades e bobeiras que havia cometido aos 15. Com 20 já não queria nem lembrar do quanto era criança aos 17 anos, e queria poder voltar áqueles acontecimentos passados com a experiência que eu achava que tinha nesse momento. Com 22 vi o quanto aprendi e o quanto não sabia nada da vida aos 20. Hoje aos 24 anos vejo que aos 22 eu ainda continuava a mesma criança de sempre com apenas alguns calos a mais. Será que isso nunca irá chegar ao fim??
Não existe essa de que a experiência te torna imune, porque os fatos não se repetem. Os problemas mudam, e você sempre será novato da próxima fase. Quando você acha que já viu de tudo (fuuuuuch), se abre mais um leque de coisas inéditas.
Com a idade que possuo obviamente deixaria de fazer algumas coisas feitas no passado porque aprendi. Mas e as minhas atitudes de hoje?? Será que no futuro não vou olhar pra trás e ver que faria outras escolhas, que agiria diferente?? Claro que vou, só que hoje não me ocorre mais opções. Coisa complicada né?
Mas pra viver não existe manual, e esta é a grande atração da vida, sem roteiros, sem scripts. Não adianta os conselhos tão bem intencionados, de pessoas que já tiveram a experiência e já aprenderam com ela. Temos que ver com nossos próprios olhos e sentir com a nossa própria pele. Experiências alheias são só casos para nós, são só exemplos e não regras. Pois conhecimento só se obtém vivendo.
Só aprendemos que não podemos voar nos deixando cair de um salto do sofá, só aprendemos que não podemos andar descalços quando furamos o pé no prego, só aprendemos que não estamos sofrendo por amor, quando descobrimos que amar não é aquilo, é algo bem maior, só aprendemos que estudar enquanto é tempo vale a pena, quando esse tempo já passou, quando já pulamos o muro da escola e pensamos que o mundo lá fora era bem mais interessante, só descobrimos que somos tudo no mundo para os nossos pais, quando temos os nossos filhos, só descobrimos...


Uma poesia legal:
                              O avanço do ser
O saber é a grandeza do ser
É a atitude a ser
Os pensamentos que lhe cercam
As lembranças que lhe vem
O saber é o diamante do homem
A beleza da mulher
Não precisamos saber tudo
Mas precisamos aprender
Temos sempre que crescer
Não apenas ler e escrever
Saber fazer, falar, pensar.
Já que existe o saber
Temos que nos integrar
Evoluir na velocidade da tecnologia
Pois isso faz parte do nosso dia-a-dia
Não é uma mitologia
É o avanço do ser
Que nasce, cresce...
E morre sem saber!
                             Thiago Bessa

sábado, 24 de abril de 2010

Livro: Bom de Cama

Bom de Cama
Autor: Weiner, Jennifer
Editora: Leganto
Categoria: Literatura Estrangeira / Romance

Sinopse
Cannie Shapiro nunca quis ser famosa. A repórter especializada em cultura pop, inteligente, mordaz e de tamanho avantajado estava perfeitamente satisfeita em escrever sobra a vida de outras pessoas nas páginas do Philadelphia Examiner. Mas no dia em que abre uma revista feminina de circulação em âmbito nacional e descobre que seu ex namorado anda escrevendo crônicas sobre as experiências sexuais que tiveram juntos, sua vida muda para sempre. Escrito com garra, humor agridoce, repleto de tiradas espirituosas e surpresas emocionantes, este é a primeiro romance da autora.


Bom pra quem deseja algumas horinhas de humor. Um pedacinho: “A principio, meus olhos não conseguiram atinar com o que estava escrito. Mas logo as letras se desembaralharam. “Amando uma Mulher Avantajada”, dizia a manchete, “de Bruce Guberman”. Bruce tinha sido meu namorado durante pouco mais de três anos, até alguns meses atrás, quando resolvemos dar um tempo. E a Mulher Avantajada eu não pude achar que fosse outra além de mim mesma...” “... -Amar uma mulher avantajada é um ato de coragem em nosso mundo, escreveu Bruce. E Cannie – que nunca soube que Bruce a via como uma mulher assim, ou achasse que amá-la era um ato de coragem – mergulha na tristeza e no ano mais impressionante de sua vida.”
O livro te remete áquela sensação de ser compreendida, sabe?! No seu íntimo de mulher, na sua alma feminina e cositas do gênero, sendo “avantajada” ou não.
Distante de ser um dos melhores que já li, mas Jennifer está ótima em sua estréia, achei que além de informativo e solidário o livro foi super bem elaborado e escrito.

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Livro: A Cabana

A Cabana
Autor: Young, William P.
Editora: Sextante
Categoria: Literatura Estrangeira / Romance

Sinopse
A filha mais nova de Mackenzie Allen Philip foi raptada durante as férias em família e há evidências de que ela foi brutalmente assassinada e abandonada numa cabana. Quatro anos mais tarde, Mack recebe uma nota suspeita, aparentemente vinda de Deus, convidando-o para voltar àquela cabana para passar o fim de semana. Ignorando alertas de que poderia ser uma cilada, ele segue numa tarde de inverno e volta ao cenário de seu pior pesadelo. O que encontra lá muda sua vida para sempre. Num mundo em que religião parece tornar-se irrelevante, "A Cabana" invoca a pergunta: "Se Deus é tão poderoso e tão cheio de amor, por que não faz nada para amenizar a dor e o sofrimento do mundo?" As respostas encontradas por Mack surpreenderão você e, provavelmente, o transformarão tanto quanto ele.





Não se trata de fé, esse livro é surpreendente e tem tudo para mexer profundamente com qualquer pessoa. Mas já que fé foi mencionada, se você a tiver, sorte a sua, leia, será uma bela oração, mas se não a tiver, leia, é um ótimo livro.
Vai muito além de religião, não há nada para converter ninguém, se existir esse receio. É brilhantemente escrito e tem uma intensidade que não te deixará querer parar de ler.

Download em breve!

Será que estamos sozinhos??


       Um dia desses, voltando de moto da faculdade, um frio cortante que impossibilitava abrir a viseira do capacete e bater um papinho com meu noivo e piloto, comecei a olhar pro céu e meditar se há vida extraterrena. (não deixem uma mulher sem ter o que fazer. Ela pira). Que viajem, mas o meu dilema foi o seguinte:
       Nós somos seres adaptáveis. O planeta terra têm aproximadamente 4,5 bilhões de anos, e já sofreu várias alterações drásticas, e nós, terrestres acompanhamos essas mudanças, evoluímos. Então porque em um universo imenso somente o planeta terra possui vida? Posso estar sendo a mais ignorante das criaturas, mas acho que sim, existe vida em outros planetas!
       Não como as pessoas desenham, um cabeçudo magrela com olhos enormes e super dotado. Não acho que sejam seres superiores capazes de viajar pelo espaço em discos voadores (quase baianos, cheio de luzes) e abduzir pessoas para seus estudos mirabolantes. Apenas que existe algum tipo de vida de seres que se adaptaram ás condições do planeta, muito quentes, muito frios e etc.
       Quem sabe nesse momento também tem algum visinho do planeta ao lado pensando se nós existimos?!?
       Quem concorda comigo levanta o dedo.

       Mais uma coisa, não sou evolucionista, por mais que isso pareça contraditório agora, mas acredito que após Deus ter criado o homem nos estamos sim em constante evolução. Também tenho ciência de que na bíblia consta que só no nosso planeta existe vida, mas o homem escreveu a bíblia, e pra mim faz pouco sentido a existência de um universo inteiro, com nove planetas (conhecidos) no sistema solar, milhões de galáxias, para um só planeta habitado.

domingo, 18 de abril de 2010

Não quero ser crítica

        A primeira de todas as verdades: tenho uma admiração profunda pelos que são capazes de realizar tal arte. Mais grandioso do que escrever uma obra de grande valor, seria ter a capacidade de uma compreensão profunda do que foi escrito por outra pessoa. Enxergar além do que transparecem as letrinhas, ultrapassar o entendimento entre que o autor escreveu e o que ele quis dizer. Definitivamente não é pra todo mundo.

        Existem os que falam o que achou de um livro e se auto-titulam críticos literários, há os que pensam que ser crítico é encontrar os defeitos e as falhas nos feitos alheiros. Pobre ilusão. Estes não possuem a mínima noção do poder que exerce os que realmente sabem o que fazem. Uma crítica com base pode redefinir uma lista de Best-sellers. É capaz de fazer uma obra alcançar a primeira posição, mas também é capaz de fazer alguma nem sequer entrar na lista, ou pior fazer com que um autor fique preso no anonimato eternamente. E o crítico segue, despertando amor e ódio por onde passa, mais ódio com certeza.

        Vai além da minha alçada. Eu admito minha incompetência. Me titulo como mera leitora opinativa. Não possuo todo aquele charme, aquele glamour, aquela racionalidade. Pra mim seria um tédio abrir um livro porque preciso ler, escrever sobre ele porque preciso opinar. Fechar um livro com a cabeça cheia, porque você sempre terá que Ter o que dizer sobre ele. Não dá aquela mesma sensação horrível de vestibular?

        Quando te obrigam a ler livros ótimos, mas pela pressão que foi colocada você nem percebe que eles são ótimos? Não consigo ler por obrigação.  A leitura tem que estar ligada ao prazer. Não consigo escrever por obrigação. O tema tem que te doar inspiração. Não sou racional o bastante, sou sentimentalista.

        Então parabenizo os críticos profissionais. Temos que dar a cara a tapa, não basta gostar do que faz, não basta gostar de ler. Não sei especificar o que é preciso, talvez um dom divino, uma paciência de Jó, uma determinação infindável... Vocação. Mas posso medir o quanto são necessários para a literatura.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Livro: Para Sempre - Os Imortais

Para Sempre - Os Imortais
Autor: Noel Alyson
Editora: Intrinseca
Categoria: Literatura Estrangeira / Romance
 

Sinopse
“Ever Bloom tinha uma vida perfeita: era uma garota popular, acabara de se tornar líder de torcida do principal time da escola e morava numa casa maravilhosa, com o pai, a mãe, uma irmãzinha e a cadela Buttercup. Nada no mundo parecia capaz de interferir em sua felicidade, o céu era o limite! Até que um desastre de automóvel transformou tudo em um pesadelo angustiante. Ever perdeu toda a sua família. Mudou de cidade, de escola, de amigos, e agora, além de todas essas transformações em sua vida, ela precisa aprender a conviver com uma realidade insuportável: após o acidente, ela adquiriu dons especiais. Ever enxerga a aura das outras pessoas, pode ouvir seus pensamentos e, com um simples toque, é capaz de conhecer a vida inteira de alguém. É insuportável. Ela foge do contato humano, esconde-se sob um capuz e não tira dos ouvidos os fones do i-pod, cujo som alto encobre o som das mentes a seu redor. Até que surge Damen. Tudo parece cessar quando ele se aproxima. Só ele consegue calar as vozes que a perturbam tão intensamente. Ever não entende o porquê disso, mas é incapaz de resistir à paz que ele lhe proporciona, à sensação de, novamente, ser uma pessoa normal. Ela não faz ideia de quem ou o quê Damen realmente é. Sua única certeza é estar cada vez mais envolvida... e apaixonada.”

Nada de vampiros, nada de fantasmas, a onda agora são os imortais. Mas nem assim a obra em questão deixa de ser um filhote, uma mistura genética com falhas entre Crepúsculo e A Mediadora. A autora Alyson Noel, nega ter se baseado ou sequer lido essas duas séries que tiveram grande repercussão, mas tudo na história de Pra Sempre emite o contrário.

Há uma mocinha (vulnerável), um mocinho (exageradamente atraente), e uma paixão “incontestável”. E o que tem de diferente soa tão proposital que não conta a favor, é um ponto contra, como se ela tivesse escrito aquilo justamente para divergir das outras.

Minha nota entre 0 e 10 é 3, ainda levando em consideração a categoria do livro, já que eu comecei a ler tendo ciência que é um romance juvenil. (que fique claro, não tenho nada contra essa categoria, ao contrário, até gosto bastante, mas não posso simplesmente pontuar com os mesmos critérios usados com um Machado de Assis e cia.).

Explicando a nota: é 3, pela exagerada semelhança com livros já existentes, pela linguagem fraca e pobre, pela falta de criatividade, e pela falta de contexto. É uma história que não se explica.

O único lado bom no meu ponto de vista é que é um livro inofensivo, e esses romancezinhos água com açúcar acabam fazendo a cabeça da garotada e incentivado assim a leitura.

Mas aqui pra nós, entre vampiros, fantasmas e imortais, fico com o Edward Cullen!

ps.: A capa ficou muito bacana.

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Stephen Kanitz: Qual é o Problema?

Vale a pena ler:

Bons administradores são aqueles que fazem as melhores perguntas, 
e não os que repetem as melhores aulas.
           Um dos maiores choques de minha vida foi na noite anterior ao meu primeiro dia de pós-graduação em administração. Havia sido um dos quatro brasileiros escolhidos naquele ano, e todos nós acreditávamos, ingenuamente, que o difícil fora ter entrado em Harvard, e que o mestrado em si seria sopa. Ledo engano.

           Tínhamos de resolver naquela noite três estudos de caso de oitenta páginas cada um. O estudo de caso era uma novidade para mim. Lá não há aulas de inauguração, na qual o professor diz quem ele é e o que ensinará durante o ano, matando assim o primeiro dia de aula. Essas informações podem ser dadas antes. Aliás, a carta em que me avisaram que fora aceito como aluno veio acompanhada de dois livros para ser lidos antes do início das aulas.

           O primeiro caso a ser resolvido naquela noite era de marketing, em que a empresa gastava boas somas em propaganda, mas as vendas caíam ano após ano. Havia comentários detalhados de cada diretor da companhia, um culpando o outro, e o caso terminava com uma análise do presidente sobre a situação.

           O caso terminava ali, e ponto final. Foi quando percebi que estava faltando algo. Algo que nunca tinha me ocorrido nos dezoito anos de estudos no Brasil. Não havia nenhuma pergunta do professor a responder. O que nós teríamos de fazer com aquele amontoado de palavras? Eu, como meus outros colegas brasileiros, esperava perguntas do tipo “Deve o presidente mudar de agência de propaganda ou demitir seu diretor de marketing?”. Afinal, estávamos todos acostumados com testes de vestibular e perguntas do tipo “Quem descobriu o Brasil?”.

           Harvard queria justamente o contrário. Queria que nós descobríssemos as perguntas que precisam ser respondidas ao longo da vida.

           Uma reviravolta e tanto. Eu estava acostumado a professores que insistiam em que decorássemos as perguntas que provavelmente iriam cair no vestibular.

           Adorei esse novo método de ensino, e quando voltei para dar aulas na Universidade de São Paulo, trinta anos atrás, acabei implantando o método de estudo de casos em minhas aulas. Para minha surpresa, a reação da classe foi a pior possível.

            “Professor, qual é a pergunta?”, perguntavam-me. E, quando eu respondia que essa era justamente a primeira pergunta a que teriam de responder, a revolta era geral: “Como vamos resolver uma questão que não foi sequer formulada?”.

           Temos um ensino no Brasil voltado para perguntas prontas e definidas, por uma razão muito simples: é mais fácil para o aluno e também para o professor. O professor é visto como um sábio, um intelectual, alguém que tem solução para tudo. E os alunos, por comodismo, querem ter as perguntas feitas, como no vestibular.

           Nossos alunos estão sendo levados a uma falsa consciência, o mito de que todas as questões do mundo já foram formuladas e solucionadas. O objetivo das aulas passa a ser apresentá-las, e a obrigação dos alunos é repeti-las na prova final.

           Em seu primeiro dia de trabalho você vai descobrir que seu patrão não lhe perguntará quem descobriu o Brasil e não lhe pagará um salário por isso no fim do mês. Nem vai lhe pedir para resolver “4/2 = ?”. Em toda a minha vida profissional nunca encontrei um quadrado perfeito, muito menos uma divisão perfeita, os números da vida sempre terminam com longas casas decimais.

           Seu patrão vai querer saber de você quais são os problemas que precisam ser resolvidos em sua área. Bons administradores são aqueles que fazem as melhores perguntas, e não os que repetem suas melhores aulas.

           Uma famosa professora de filosofia me disse recentemente que não existem mais perguntas a ser feitas, depois de Aristóteles e Platão. Talvez por isso não encontramos solução para os inúmeros problemas brasileiros de hoje. O maior erro que se pode cometer na vida é procurar soluções certas para os problemas errados.

           Em minha experiência e na da maioria das pessoas que trabalham no dia-a-dia, uma vez definido qual é o verdadeiro problema, o que não é fácil, a solução não demora muito a ser encontrada.

           Se você pretende ser útil na vida, aprenda a fazer boas perguntas mais do que sair arrogantemente ditando respostas. Se você ainda é um estudante, lembre-se de que não são as respostas que são importantes na vida, são as perguntas.

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